O projecto 415 De Paviljong foi desenvolvido por 6 alunos do Mestrado em Design for Sustainable Development, da Universidade de Chalmers, com o apoio do Colectivo Warehouse em colaboração com o colectivo de Berlim, ON/OFF.
O ímpeto deste projecto foi o processo participado em que vários grupos desenvolveram o desenho, a comunicação e a construção de um equipamento de espaço público. O objectivo principal foi o envolvimento de jovens e mulheres de modo a potenciar um sentimento de apropriação e compromisso para com o bairro. O processo resulta num pequeno pavilhão construído no espaço public do bairro de Siriusgatan, em Gotemburgo.
Ante-projecto
Quando o Warehouse foi convidado a colaborar neste projecto com o colectivo ON/OFF, os alunos já trabalhavam no bairro, tendo desenvolvido uma estreita relação com a comunidade e com os diferentes grupos e associações locais, o que permitiu a realização de um diagnóstico fidedigno.
Através destes primeiros passos os alunos foram capazes de identificar lugares comuns frequentados por estes grupos, concentrando-se nos terrenos licenciáveis com o consentimento das principais entidades financiadoras. Esta acção permitiu traçar o caminho a seguir e definir o público-alvo deste projecto.
A ideia de construir um pavilhão acabou por ser uma realidade para todos os actores envolvidos. Da logística aos materiais, dos desenho técnicos às actividades de participação e das reuniões formais aos encontros informais, a “team 5” esteve envolvida em todo o ante-projecto, com o apoio do Prof. Emílio Brandão (Director do Mestrado) e do Samuel Carvalho (ON/OFF), e posteriormente pelo Colectivo Warehouse. Por esta altura os alunos tornaram-se os principais mediadores entre todos os actores envolvidos.
O conceito deste pavilhão foi pensado como um espaço/edifício com capacidade de gerar um novo lugar, recorrendo a uma técnica constructiva que potenciasse a participação e a interacção entre o edificio e a comunidade local.
Através da utilização de diferentes tamanhos de fatias de troncos reutilizados, criou-se uma técnica de empilhamento nas fachadas, à imagem do “Lego”, permitindo que a construção fosse realizada por pessoas inexperientes.
O Processo de Construção e Desenho no Terreno
Após algumas reuniões via Skype, o Warehouse foi para Gotemburgo para começar a trabalhar com os alunos. Enquanto tutores, o primeiro objectivo foi dar apoio no desenvolvimento de detalhes e soluções construtivas assim como na resolução dos principais problemas de logística, para que a equipa pudesse encomendar os materiais e outros bens.
Por outro lado foi também extremamente importante identificar rapidamente quais as estratégias acertadas para motivar este grupo inexperiente. Os alunos já se encontravam bastante envolvidos neste intenso processo, pelo que a partilha de alguns métodos que fomentavam uma maior participação contribuio para que a equipa começasse a visualizar um resultado mais prático do seu trabalho.
No final desta primeira semana, parte da equipa começou a tirar medidas no local para dar inicio aos primeiros trabalhos de fundações.
Com o início dos trabalhos, toda a equipa foi para o terreno para montar um protótipo à escala real, no intuito de perceber as relações entre dimensões e alturas. Durante esse tempo, parte do grupo testava as diferentes aberturas para o pavilhão, enquanto os outros acabavam os trabalhos com as fundações.
Com grande parte da logística a ser tratada, a equipa começou a preparar o estaleiro e os locais de trabalho, tais como, coberturas temporárias e armazenamento de materiais, ferramentas e outros bens.
Foi também importante separar o grupo em pequenas equipas com diferentes responsabilidades, para que fosse mais fácil a organização e se erguesse um pavilhão em duas semanas.
Com excepção das actividades paralelas para o envolvimento de outros actores, na segunda semana, a equipa entra em modo de construção, envolvendo-se em todos os aspectos práticos do processo da mesma.
Ao empregar um constructor local desempregado, uma opção inteligente de inclusão social por parte das entidades financiadoras, o projecto não só ganhou uma ajuda extra como também um precioso veículo de comunicação com os restantes habitantes locais.
No final da teceira semana o pavilhão estava acabado e aprovado, tanto pela comunidade local como pelo município de Gotemburgo e a empresa de engenharia que se associou para dar suporte técnico de segurança estrutural deste futuro edifício público.
O 415 De Paviljong, nome que faz referência ao código postal do bairro e às diferentes pessoas envolvidas, foi então inaugurado com uma grande festa de comemoração que pela primeira vez reuniu neste local pessoas de diferentes culturas, nacionalidades e experiências, todos com o mesmo sentimento comum de pertença.
Actividades Paralelas de Inclusão
Tão importante quanto a capacidade do pavilhão gerar um novo lugar, foram também as actividades paralelas que foram desenvolvidas durante as três semanas com o intuito de potenciar a apropriação e de melhorar a comunicação do próprio processo.
Os estudantes e os grupos locais, com o apoio dos tutores, desenvolveram várias estratégias de comunicação local com quadros informativos, tabuletas de sinalização e orientação, assim como momentos de convívio de “fika[1]”. Estes momentos foram comunicados nas línguas mais faladas no bairro para que todas as pessoas tivessem acesso à mesma informação.
Durante as três semanas foram organizados eventos de final de tarde proporcionando o envolvimento de mais pessoas para uma partilha de ideias para o projecto, mas acima de tudo para fortalecer os laços criados durante o projecto.
Na última semana de construção o arquitecto Jonathan Naraine, do The Foodprint LAB, juntou-se à equipa para um workshop de 3 dias com os jovens e outros participantes, criando o mobiliário interior do pavilhão. Este arquitecto desenvolveu um desenho e um método construtivo simples para que os participantes pudessem construir mais mobiliário no futuro.
[1] Fika é um conceito social da cultura Sueca (e Finlandesa) que significa “tomar café / Lanchar”, normalmente acompanhado com bolos ou sandes. Esta rotina acontece mais do que uma vez por dia.
Equipa: Warehouse + Team 5
Parceiros: ON/OFF, Chalmers University – Masters Design for Sustainable Development, Familjebostäder, Hyresgästförening
Com: Rúben Teodoro, Sebastião de Botton
Colaboradores: Team 5 [Annsofi Björkman, Naji Chabarek, Alice Valinger, Xueli Ma, Giovanna Gaioni, Praveena Ashok], Mahmod El Haj (Zé), Embla Del Carmen, Emílio Brandão, Jonathan Naraine, Andreas Nielsen, Samuel Carvalho, Anders Kouru, Bea Klein, Josephina Wilson, Bergsjön Inhabitants Community