O Octógono é uma instalação no espaço público que reflecte sobre o papel da fabricação digital na memória do território e na reinterpretação dos saberes tradicionais da Beira Interior.

“Nos armazéns da Câmara, entre frigoríficos e carros abandonados, resgatámos um objecto esquecido mas prontamente reconhecível pelos fundanenses: um antigo carrossel imediatamente identificado como “o da escola de Alcaide”. 

O carrossel é lixo, é um objecto obsoleto mas também um testemunho de uma memória colectiva, um manufacto artesanal, um pivô analógico. Deixou de cumprir a sua função por inadequação aos parâmetros correntes exigíveis para esta categoria de objectos.

Quisemos refletir sobre como garantir a sua sobrevivência e fizémo-lo através do diálogo entre o antigo e o novo, o analógico e o digital. O nosso precioso dispositivo foi a fabricação digital mas o nosso processo foi inevitavelmente analógico.

A peça pede interação, pede a ação humana no sentido de activar o seu mecanismo.

Através do QR CODE (https://octogono.cargo.site/) é disponibilizado o ficheiro digital do novo carrossel que pode ser cortado em qualquer FabLab e montado para lhe devolver a função original.”


“A Bienal Art(e)facts nasce da ideia de criar colaborações entre artistas, arquitetos e designers, portugueses e estrangeiros, com artesãos da região da Beira Interior. O projeto tem o intuito de cuidar a memória imaterial do território e para isso propõe repensar diálogos para a construção de um património contemporâneo de obras artísticas com enfoque na valorização da região e na reinterpretação dos saberes tradicionais.

O projeto integra o programa da Candidatura da Guarda a Região Capital Europeia da Cultura 2027 e concretiza-se numa Bienal de Conhecimento, profundamente enraizada no território e que pretende implantar uma constelação de práticas com impactos a longo prazo.

A edição inaugural de Art(e)facts introduz o tema Supernatural Togetherness (União Sobrenatural) e propõe alianças entre seres humanos, gerações, espécies e saberes para salvar o futuro.

Em curso até setembro, o programa envolveu uma convocatória internacional para projetos que resultaram, durante o mês de maio, na realização de residências artísticas em oficinas de artesãos locais. Esta exposição coletiva, localiza-se simultaneamente em seis pontos distintos da região — Alcongosta, Janeiro de Cima, Telhado, Famalicão da Serra, Gonçalo e Fundão —, enquanto o espelho de vários diálogos e dos cenários que os acolheram, pelo que o convite à sua visita sugere que se atente aos lugares que detém a memória e à experiência da imersão e da permanência.”


Equipa: Colectivo Warehouse + FabLab Aldeias do Xisto

Com: Monica Di Eugenio, Raquel Santos, Rúben Teodoro, Sebastião de Botton


Extras e imprensa

As improváveis coincidências de um octógono

Artefacts ‘21 – Supernatural Togetherness

Guarda 2027 – Art(e)facts 2021

[ípsilon] Bienal Art(e)Facts: A criação contemporânea está nas aldeias do interior