Aqui há dragões (“Hic sunt dracones”) é o que se escrevia nos tempos medievais, quando não se sabia o que havia além do território explorado.
Escolhemos esta mesma expressão porque este projeto visa construir relações entre indivíduos e territórios, bairros e áreas próximas, colocando comunidades de pessoas com deficiência intelectual e de desenvolvimento, das periferias urbanas e áreas rurais, no centro deste trabalho, através de várias atividades e workshops.
“Aqui há dragões” é um projeto de reativação urbana e social, de inclusão nos territórios da periferia urbana de Matosinhos e Porto, através de arte, urbanismo e participação.
Este projeto explora a arte inclusiva, usando práticas e linguagens artísticas para tornar visível e colocar no centro das políticas sociais as pessoas com deficiência, bem como os ambientes e as comunidades de proximidade.
É um projeto que reúne pessoas com deficiência intelectual e/ou de desenvolvimento com artistas, procurando dar visibilidade e autonomia, promovendo a igualdade de uma comunidade que, no meio rural e na periferia urbana, estão em risco de exclusão social.
A metodologia e abordagem global promovem a participação de grupos marginalizados, educação cívica e pedagogias inovadoras que buscam o desenvolvimento de novas capacidades para enfrentar os desafios das áreas urbanas e rurais.
DESCOBRINDO E RECOLHENDO
Em vez de uma única história, muitas são construídas, tantas quantas possíveis. Pequenos depoimentos são extraídos de moradores da área, focando os grupos prioritários do projeto e os vizinhos. Ao acumular perspectivas, compomos uma lista interminável de curiosidades, anedotas e dados sobre a cidade.
A base metodológica está neste conjunto de opiniões, que constrói uma reflexão do pensamento coletivo sobre a cidade. A partir do somatório e da análise dessas histórias, cria-se um ambiente onde os próprios usuários podem desenvolver seus conteúdos e construir o espaço onde o diálogo acontece, num formato simples e partilhado.
MAPEAR LOCAIS DE AÇÃO, PESSOAS E UNIVERSOS
Partindo das bases do mapeamento emocional, os grupos de trabalho, os tutores, parceiros e promotores, exploram em conjunto o território. Pesquisam-se histórias, percorrem-se trilhos, investigam-se faunas e floras, observam-se hábitos e moradores, desvendem-se dinâmicas. O registo e a exploração criativa destes universos é intencionalmente deixada à interpretação de cada participante, construindo um registo único deste pedaço da cidade do Porto. Constroem-se mapas; ensaiam-se histórias; criam-se criaturas e universos; desenham-se intervenções.
WORKSHOPS INCLUSIVOS
Se com os registos do mapeamento interpretamos o território de forma individual, nesta fase construímos juntos uma narrativa comum, um universo urbano endémico. Através do desenho e construção colaborativa, montam-se estaleiros abertos aos participantes onde vários objectos de intervenção urbana começam a ganhar forma, cor e história.
CELEBRAR
Por fim o projecto volta à cidade, criando uma grande parada onde se celebra esta exploração que funde o espaço da cidade com a visão destes indivíduos, construindo uma nova narrativa que se mostra, que acontece e que estimula o espaço urbano. Reivindicam-se assim, em tom de festa, lugares de direitos, de partilha e de cidadania.
Equipa: Zuloark + Colectivo Warehouse
Parceiros: Porto Design Biennal; Somos Nós; ADDID; Municipality of Porto
Com: Rúben Teodoro