CLARA é um centro para o desenvolvimento rural localizado num terreno de uma antiga fábrica de tijolo em Santa Clara de Sabóia no Alentejo. Neste lugar desenvolve-se um projecto turístico e cultural a longo prazo cujos objectivos são a investigação, formação e inovação baseado na multidisciplinaridade de conhecimento, reflexão e produção. O projecto promove um ambiente criativo onde se vive e trabalha em conjunto, estimulando o discurso sobre assuntos locais e incentivando o empenho de todos os envolvidos e comunidade próxima. Neste contexto o Warehouse foi convidado a colaborar neste projecto através do desenho e construção de um equipamento temporário para apoio à área de Glamping e outras actividades, na zona oeste do terreno.

Este edifício de carácter modular permite o desenvolvimento das primeiras actividades a dinamizar no local, uma vez que estabelece as condições essenciais de apoio aos hóspedes que passam a poder fixar-se durante uma estadia no local.

 

A linguagem arquitectónica do Nomad base Camp introduz uma imagem contemporânea, assente num desenho conciso e depurado, onde as formas volumétricas assumidas se interligam harmoniosamente entre si e com a envolvente da antiga fábrica de tijolo, com forte presença no local.

As cores e materialidades escolhidas no projeto de arquitetura visam a sua boa integração na paisagem local.

O edifício é composto por dois volumes que distribuem o programa no piso térreo com base numa lógica funcional e sequencial. Na extremidade sul encontra-se o espaço da cozinha e áreas técnicas num volume independente. No mesmo alinhamento, na direcção oposta, estende-se o volume mais comprido que distribui  vários compartimentos de balneários equipados com duches e instalações sanitárias. Entre os dois volumes definiu-se a zona de refeição exterior sombreada para protecção das altas temperaturas típicas da região. A volumetria e orientação do edifício são definidas para potenciar uma relação de vistas com a paisagem e pré-existências do terreno. No desenho da cobertura, e respectiva cércea, procurou-se uma escala de relações equilibrada com a envolvente e com a paisagem natural. O desenho das suas águas é alusivo à forma da cobertura da fábrica de tijolo e as suas pendentes são determinadas para aumentar a eficiência energética dos equipamentos solares, responsáveis pela captação e geração de energia que origina a autossuficiência deste equipamento.

A materialidade e sistema construtivo que compõem o Nomad Base Camp foram definidos em projecto com base em premissas de sustentabilidade e minimização de desperdício, leveza estrutural, replicabilidade e adaptação de paredes-tipo, e ausência de fundações no solo.

Esta definição serviu de guia e orientação do pensamento para a criação de um sistema assente na pré-produção de vários elementos em oficinas de carpintaria e serralharia. Este método define e organiza um modus operandi que proporciona vantagens como a facilidade do transporte, o ajuste para futuros usos, a adaptação orçamental, a rapidez da montagem e a sua possível desmontagem e reconfiguração para outros usos e locais.

 


Equipa: Colectivo Warehouse + Forjanarchitecture
Parceiros: CLARA – Centro para o futuro rural, Sofalca, CIN, Paulo Filipe electricista, Brunisi.
Com: Rúben Teodoro, Ricardo Morais, Sebastião de Botton, Romain Deboulle
Colaboradores: Sempre Magalhães, Pedro Abrantes Nunes, João Martins, Bruno Caracol, Ricardo Vilhena, Jaysor Miguel, Mariella Gentile, Vincent Rault, João Silva, Flávio Nelson, Hugo Francisco